As possibilidades de doenças em bebês prematuros e a importância da neonatologia

Quando pensamos nas principais causas de morte infantil nos primeiros cinco anos de vida, é tendencioso dizer que são as causas infecciosas, como a temida meningite, a bronquiolite viral aguda ou, até mesmo, os acidentes. Contudo, no Brasil, a principal causa de morte nessa faixa etária é a prematuridade. Isso porque a carga de doenças nessa população é muito elevada e traz muitas complicações que podem repercutir por toda a vida. Nesse contexto, a neonatologia se faz muito importante, visto que são os profissionais dessa especialidade que inicialmente cuidarão dos bebês prematuros.

Dada a importância desse tema, no dia 17 de novembro é comemorado o Dia Mundial da Prematuridade em mais de 50 países. A intenção dessa data é desenvolver estratégias para diminuir o número de nascimentos prematuros. E, como parte dessa campanha, hoje falaremos sobre as doenças em bebês prematuros e a neonatologia.

O mundo dos bebês prematuros: O que você precisa saber:

Primeiro, é importante entender quem são os bebês prematuros. São considerados partos prematuros todos aqueles que acontecem com menos de 37 semanas de idade gestacional, ou com menos de 259 dias a partir do último período menstrual da mulher. A Organização Mundial da Saúde determina algumas subcategorias baseada na idade gestacional, as quais auxiliam no entendimento das possíveis complicações dessa condição:

  • Pré-termo extremo: < 28 semanas;
  • Muito pré-termo: 28 – 32 semanas;
  • Pré-termo moderado: 32 – 34 semanas;
  • Pré-termo tardio: 34 – 37 semanas.

No Brasil, nascem aproximadamente 360 mil crianças prematuras todo ano, isso é quase mil crianças por dia. Esse valor representa uma média de 12% em relação ao total de nascidos vivos no país. Já no mundo todo, são quase 15 milhões de bebês com essas idades gestacionais. 

Dentre crianças que conseguem sobreviver, há um aumento significativo das chances de acometimentos crônicos, como distúrbios do crescimento, atrasos no desenvolvimento dos sentidos, da motricidade e da cognição, bem como problemas psíquicos. Além disso, esses bebês possuem uma chance maior de desenvolverem doenças crônicas como diabetes tipo II e doenças cardiovasculares. Todas essas condições podem ter um alto custo, o que traz grande impacto para as famílias envolvidas.

Síndrome de Desconforto Respiratório (SDR): Uma das principais ameaças

Já na fase aguda, isto é, logo após o nascimento, uma das principais doenças do bebê prematuro é a Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR). Essa patologia é causada principalmente pela falta do surfactante pulmonar, uma substância produzida a partir da 20ª semana, com pico na 35ª semana, responsável por diminuir a tensão dentro do pulmão e permitir a passagem de ar de forma mais livre. 

Essa ação é de extrema importância durante o nascimento, porque, dentro do útero, o bebê não utiliza o pulmão para promover a oxigenação do sangue, pois isso é feito pela placenta. Porém, quando o bebê dá seu primeiro choro, os pulmões se expandem, enchem de ar e passam a atuar na troca gasosa. Assim, caso não haja surfactante o suficiente, esse pulmão pode colaborar, visto que a pressão de ar durante a respiração é muito grande. 

Diante disso, a prematuridade é a principal causa de SDR, principalmente para aqueles com menos de 28 semanas, pois essas crianças ainda não possuem surfactante o suficiente dada a prematuridade dos pulmões. Mas, há outros fatores de risco para o desenvolvimento dessa síndrome, como diabetes materna, sexo masculino, ter tido irmãos com SDR, malformações do tórax, cesárea eletiva e asfixia durante ou logo após o parto. 

Para identificar se o bebê está com SDR, atentar-se às primeiras 72 horas de vida e observar se haverá sinais de insuficiência respiratória, ou seja, a respiração pode ficar muito rápida ou muito lenta, gemência, bocas e extremidades azuladas/arroxeadas, as narinas abrem e fecham ao respirar, as costelas ficam marcadas durante a inspiração e o bebê pode parar de respirar por alguns segundos (chamada de crise de apneia). 

E o diagnóstico se dá justamente pela análise desses sinais, bem como pela história materna. Mas, também por uma radiologia (RX) sugestivo dessas alterações. 

Já o tratamento é feito com oferecimento de oxigênio, administração do surfactante, garantia da temperatura adequada do bebê, uma boa alimentação e hidratação.

Outras doenças possíveis em bebês prematuros

Além da SDR outras doenças cercam a prematuridade, como a enterocolite necrosante (uma lesão na superfície interna do intestino); a anemia da prematuridade; a hemorragia intraventricular (devido ao fato do cérebro ainda estar em desenvolvimento, especialmente nas áreas onde as células cerebrais estão crescendo e os vasos sanguíneos estão se formando) e a retinopatia da prematuridade (quando os vasos sanguíneos da retina do bebê crescem de maneira anômala).

A função vital da Neonatologia

Nesse contexto, a Neonatologia mostra-se peça-chave tanto na prevenção do parto prematuro, quanto nos cuidados dos bebês prematuros. Isso porque essa é uma área da Medicina que aborda tanto a fase do pré-natal, o parto e o pós-parto, com o intuito de promover o adequado desenvolvimento e crescimento do feto e, consequentemente, do recém-nascido. 

Durante o cuidado dos prematuros, os neonatologistas farão parte de uma equipe multiprofissional composta por enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, dentre outros, que estarão presente na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), local onde muitos bebês prematuros ficam internados até terem condição de alta.

Prevenção e cuidados: O que os pais podem fazer

Sabemos que a preocupação com a prematuridade é grande, por isso o melhor caminho é a prevenção e isso se inicia antes mesmo de começar a gravidez, com o adequado planejamento familiar. Além disso, o correto acompanhamento pré-natal e a realização de um parto seguro fazem parte dessas ações de prevenção. 

Em casa, mantenha o bebê em contato com o corpo da mãe ou do pai o maior tempo possível para deixar seu bebê mais calmo. 

Além disso, o amamente exclusivamente com leite materno com maior frequência, para promover um ganho de peso mais rápido. Essa prática também é benéfica dada a capacidade de proteção que o leite materno possui, sobretudo contra doenças respiratórias, visto os componentes do leite materno, inclusive os anticorpos.

E, por fim, é muito importante que os pais contem com uma rede de apoio, tanto de amigos e familiares, quanto de profissionais. Ter um recém-nascido já é um grande desafio, quando isso ocorre em um contexto de prematuridade, as condições de insegurança e estresse podem ser exaustivas. Dessa forma, possuir suporte é parte imprescindível dessa nova realidade.

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