
A deficiência de ferro é a deficiência nutricional mais comum na infância, e pode impactar diretamente o desenvolvimento neurológico, imunológico e o crescimento saudável do bebê. Mas será que todo bebê precisa de ferro? Qual é a dose certa? E quando a ferritina está baixa, mas a hemoglobina está normal, o que fazer?
Neste artigo, explicamos de forma clara e baseada em evidências tudo o que você precisa saber sobre suplementação de ferro na primeira infância.
Por que o ferro é tão importante nos primeiros anos?
O ferro é essencial para:
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A produção de hemoglobina (que transporta oxigênio no sangue)
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O desenvolvimento cerebral e cognitivo
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O funcionamento do sistema imune
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A manutenção da energia e do crescimento saudável
Mesmo sem anemia, a deficiência de ferro pode comprometer o desenvolvimento da criança, por isso é importante monitorar e agir de forma preventiva.
Quando investigar os níveis de ferro?
A recomendação mais atual (SBP, AAP, OMS) é que todos os bebês tenham avaliação laboratorial entre 9 e 12 meses, especialmente se tiverem algum fator de risco:
✅ Prematuridade ou baixo peso
✅ Aleitamento materno exclusivo após 6 meses, sem introdução adequada de ferro alimentar
✅ Alimentação pobre em ferro heme (carnes, vísceras)
✅ Uso prolongado de leite de vaca antes de 1 ano
✅ Histórico familiar de anemia
✅ Introdução alimentar com alimentos ultraprocessados ou pobre em diversidade
📊 Como interpretar os exames?
Os principais marcadores são:
Exame | Valores desejáveis | Observação |
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Hemoglobina (Hb) | ≥11 g/dL | Avalia anemia |
Ferritina | ≥15–20 ng/mL | Avalia reserva de ferro |
Transferrina ou TIBC | Avalia transporte | |
Saturação de transferrina | Normal: 20–50% | Importante na suspeita de deficiência funcional |
🔎 Ferritina baixa com hemoglobina normal já sugere depleção das reservas e merece atenção — especialmente se <12 ng/mL.
💊 Quando suplementar ferro em bebês?
A suplementação é indicada nos seguintes casos:
➤ Profilática (preventiva):
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Em prematuros: 2 mg/kg/dia a partir de 1 mês de vida
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Em bebês de risco ou com alimentação inadequada: 1 mg/kg/dia entre 6 e 12 meses
➤ Terapêutica (tratamento):
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Com diagnóstico de deficiência de ferro (mesmo sem anemia):
3–6 mg/kg/dia de ferro elementar, dividido em 1 a 2 doses diárias
📏 Como calcular a dose ideal?
É fundamental saber que os suplementos variam na forma química e concentração de ferro elementar.
Por exemplo:
Suplemento | Ferro elementar por mL ou cápsula | Observação |
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Sulfato ferroso líquido | ~25 mg/mL | Mais barato, pode causar cólicas e escurecer fezes |
Ferro bisglicinato | ~10 mg/mL | Melhor tolerabilidade, boa absorção |
Lactoferrina (suplemento) | Dose variável (30–100 mg/dia) | Pode modular absorção de ferro |
🎯 Exemplo:
Para um bebê de 10 kg com ferritina <10 ng/mL →
3 mg/kg/dia = 30 mg de ferro elementar por dia
🍽️ Como melhorar a absorção?
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Sempre dar o ferro em jejum ou longe de refeições ricas em cálcio (leite, queijos, iogurtes)
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Associar com vitamina C natural (frutas cítricas, acerola) ajuda na absorção
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Evitar uso junto com chás ou cereais integrais (podem inibir)
🤢 E os efeitos colaterais?
Os mais comuns são:
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Náuseas
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Dor abdominal
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Constipação
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Fezes escurecidas
✅ Ferrros quelados (como ferro bisglicinato) e lactoferrina tendem a causar menos efeitos.
E na pediatria integrativa?
Na visão integrativa, além da suplementação quando necessária, buscamos:
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Melhorar a microbiota intestinal, que impacta na absorção de ferro
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Trabalhar alimentação natural, rica em alimentos fontes de ferro (fígado, carnes, leguminosas com técnica de remolho)
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Usar estratégias como fitoterapia suave e ajuste de estilo de vida
Conclusão
A deficiência de ferro é silenciosa, mas pode impactar profundamente o desenvolvimento infantil.
Mesmo sem anemia, níveis baixos de ferritina já merecem atenção e intervenção segura.
Por isso, cada caso deve ser avaliado individualmente, com acompanhamento de um profissional capacitado.
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