Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde mental pode ser definida como “um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade”. Ou seja, saúde mental é muito mais que a ausência de doenças mentais; e isso vale também para a saúde mental infantil.
Assim, com base nessa definição é fácil compreender que a pandemia do Covid-19 trouxe à tona uma série de desafios que afetaram significativamente a saúde mental não só dos adultos, mas também das crianças e dos adolescentes. Afinal, o isolamento social, a incerteza, o medo e as mudanças drásticas na rotina – como a adaptação a um novo formato de ensino – contribuíram para o aumento do estresse, da ansiedade e da depressão.
A importância da saúde mental para crianças e adolescentes
Promover a saúde mental desde cedo é uma forma de capacitar as crianças e adolescentes a desenvolverem maturidade emocional, habilidades de resolução de problemas e a capacidade de estabelecerem relacionamentos saudáveis ao longo de suas vidas. Essa base sólida de bem-estar mental os ajuda a enfrentar os desafios diários com resiliência e a encontrar um equilíbrio emocional que os acompanhará ao longo de sua jornada.
Cenário atual da saúde mental infantil
Conforme estudo publicado pelo Unicef em 2021, o impacto da pandemia de Covid-19 na saúde mental infantil é apenas a “ponta visível do iceberg”, uma vez que o isolamento social, a interrupção das atividades escolares presenciais e o medo relacionado à doença apenas acentuaram sintomas de ansiedade e depressão já existentes nesse grupo populacional.
Além disso, 80% dos jovens relataram sentir-se tristes, ansiosos ou estressados durante a pandemia, estimando-se que mais de um em cada sete jovens entre 10 e 19 anos esteja vivendo com algum transtorno mental diagnosticado, enquanto apenas 2% dos recursos orçamentários governamentais destinam-se a transtornos mentais.
Alguns transtornos comuns na infância
Alguns dos transtornos de saúde mental que mais afetam crianças e adolescentes são:
- Depressão: caracterizada por tristeza persistente, perda de interesse em atividades antes apreciadas, alterações no apetite e no sono, baixa energia e falta de motivação;
- Transtorno de Ansiedade: manifesta-se como preocupação excessiva, medo irracional, dificuldade em lidar com situações novas e ataques de pânico;
- TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade): caracterizado por dificuldade de atenção, hiperatividade e impulsividade, afetando o desempenho escolar e as relações sociais;
- Transtorno Bipolar: envolve mudanças extremas de humor, oscilando entre períodos de euforia e de depressão;
- Transtorno de Conduta: caracterizado por comportamentos agressivos, desafiadores e violação das regras sociais;
- Transtornos Alimentares: anorexia e bulimia são exemplos de preocupações excessivas com a imagem corporal.
O papel dos pais e cuidadores
É fundamental que pais e cuidadores estejam atentos a sinais de alerta, como mudanças abruptas de comportamento, isolamento social, distúrbios do sono ou apetite, irritabilidade excessiva e queda no rendimento escolar, tanto em crianças como em adolescentes. Além disso, deve-se oferecer um ambiente seguro, amoroso e acolhedor, mantendo uma comunicação aberta e empática a fim de estabelecer uma relação de confiança com os jovens e fortalecer a saúde mental infantil.
O acompanhamento médico é imprescindível
Quando se trata de saúde mental infantil, é fundamental contar com o suporte de profissionais qualificados, como pediatra, psiquiatra infantil e psicólogo infantil, profissionais com as habilidades necessárias para avaliar, diagnosticar e tratar transtornos de saúde mental específicos. Assim, a terapia infantil pode ser uma ferramenta poderosa para ajudar no desenvolvimento de habilidades de enfrentamento, na promoção do autocuidado e como forma de melhorar a saúde mental como um todo.
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